Caso Vanessa ...(mais um ... infelizmente)


Maria Rosa Pinto ainda não sabe lidar com a dor e o esforço para esquecer o sofrimento da Vanessa... esbarra nas imagens da menina que corria pelo pátio, gritando pelo nome da mulher que queria como mãe.
O amor da menina pela mulher que chamava ‘madrinha’ foi a razão de ter sido torturada por pai e avó.
Torturas que acabaram por matar Vanessa aos cinco anos de vida.


"A presença de Vanessa sente-se em cada sala da casa de Maria Rosa. A família adoptiva não mais se recompôs. No quarto onde Vanessa brincou e dormiu desde o seu primeiro mês de vida – quando a mãe biológica a entregou aos cuidados de Maria Rosa – até ter sido levada contra vontade pela avó Lola (cinco meses antes da morte) podem ainda ver-se os bonecos espalhados na cama e um retrato da menina em que o sorriso não se apaga."

Hoje começa o julgamento, em que o pai Paulo, a avó Aurora (Lola) e a tia Sandra são acusados de homicídio qualificado, maus tratos e ocultação de cadáver, incorrendo em penas entre os 12 e os 25 anos.“Não vou ao início do julgamento porque é muito doloroso. Muito difícil. Irei só quando tiver de testemunhar”, disse ao CM Maria Rosa.Quase um ano depois, a

(04/05/2005)
tragédia paira ainda sobre a mulher que tratou Vanessa como uma filha. Uma tentativa de suicídio, um emprego perdido e os medicamentos como companheiros inseparáveis. A vida de Maria Rosa é acompanhada pela imagem da “menina que está no céu e que é o meu anjo da guarda”. “Estou a ser acompanhada por um psiquiatra. Vivo à base de anti-depressivos. Durmo muito mal. Tenho dificuldade em estar sozinha e como fiquei um mês e meio na cama depois da morte da menina, perdi o emprego”, lamenta.
As bofetadas, empurrões contra portas e paredes, queimaduras com ferro e banhos em água a escaldar continuam tão vivas que parece que ouve a menina pedir-lhe socorro. Tudo porque Vanessa insistia que Maria Rosa era a sua mãe.
“Fiquei muito chocada. São feridas que ficam no peito”, conta. A revolta e as lágrimas não param. Ainda hoje não percebe “como é possível alguém ser capaz de fazer uma coisa daquelas”. “A prisão é pouco para quem mata uma criança indefesa.”No dia em que a menina morreu, Maria Rosa teve um mau presságio e ligou para Lola. Esta disse que Vanessa estava com ela em Gaia e que não poderia falar porque saíra com o pai. O que não seria verdade. Desde que, em Dezembro de 2004, foi para casa da avó, apenas a viu a menina mais duas vezes.
“Saiu daqui a chorar porque não queria ir embora. A avó prometeu-me que eu a veria aos fins-de-semana”, disse a mãe adoptiva. Lola não cumpriu e chegou a impedir que a pequenita tratasse Maria Rosa por mãe. “Ela não gosta”, sussurrou-lhe uma vez Vanessa ao ouvido.

MÃE SÓ ESTARÁ NO JULGAMENTO QUANDO FOR CHAMADA A DEPOR
Sónia Rodrigues, mãe da Vanessa, não estará hoje de manhã no Tribunal de São João Novo quando começar o julgamento. “É um bocado difícil estar a encará-los outra vez depois do que fizeram”, disse Sónia ao CM. Dos suspeitos do crime quer distância e desde a morte de Vanessa diz que nunca mais falou com nenhum deles. Tal como Maria Rosa, também Sónia Rodrigues irá testemunhar no dia 28 de Março à tarde. Apesar de há quatro meses lhe ter nascido o terceiro filho – tem mais duas meninas de quatro e cinco anos –, a vida nunca mais foi como antes. “Sou várias vezes assaltada pela angústia que me trazem as memórias da minha filha.” Depois de Vanessa morrer, Sónia foi acusada de abandonara a petiza, o que na altura desmentiu ao CM. “Eu nunca abandonei a minha filha. Ela foi-me escondida, sempre a procurei, mas o pai e a avó nunca mais me deixaram vê-la.” –
J.C.M. TIA SANDRA CONFESSOU MAS TAMBÉM É ARGUIDA
Sandra Pereira, de 19 anos, irmã do pai de Vanessa, também vai responder em Tribunal por crime de omissão de auxílio, ocultação de cadáver e co-autoria moral de um crime de homicídio qualificado. O seu depoimento à Polícia Judiciária contribuiu para o apuramento dos factos, pelo que a sua atitude de colaboração e arrependimento constituem atenuantes. Por outro lado, a própria Sandra chegou a ser ameaçada pela mãe, Aurora, de que algo aconteceria à sua filha recém-nascida se divulgasse as sevícias a que a pequena Vanessa era sujeita. Recorde-se que após as detenções, Sandra foi ameaçada e deixou o Bairro do Aleixo.

PROCESSO TRIBUNAL SEM SABER
O Tribunal de Família e Menores do Porto esteve a estudar a quem atribuir a custódia da menina, mas os técnicos nunca alertaram nos relatórios para os maus tratos exercidos.

TRÊS ANOS A DECIDIR
O acompanhamento do Instituto de Reinserção Social (IRS) começou em 2002. Particularmente grave terá sido o facto de nunca ter sido considerada a família que durante dois anos acolheu Vanessa.

OPÇÃO PELA AVÓ
Dois dias antes das bárbaras agressões cometidas contra a menina (a 26 de Abril de 2005), Sónia, a mãe de Vanessa, recebeu pelo correio o relatório do IRS, onde a técnica de reinserção social recomendava que a menina ficasse à guarda da avó paterna, Aurora, agora acusada de homicídio.

INQUÉRITO
A Inspecção-Geral da Justiça abriu um inquérito para apurar responsabilidades dos técnicos do IRS. Propôs-se uma suspensão de 20 dias à técnica que fez o relatório e 500 euros de multa à coordenadora, por “negligência grave”. Três outras funcionárias foram ilibadas e sobre outras três não são conhecidas sanções.

CRONOLOGIA
Vanessa foi metida numa banheira com água a escaldar a 26 de Abril. Ficou com 30% do corpo queimado, mas a avó, pai e tia não a levaram ao hospital. Pediram ajuda a vizinhos e compraram pomadas na farmácia sem dizer para que se tratavam. A menina morreu no dia 30 e a 1 de Maio pai e avó andaram cinco km a pé desde o Bairro do Aleixo para deitar o corpo ao Douro. Depois simularam que a menina tinha sido raptada na feira de Canidelo.


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Comentários

mitro disse…
Aos técnicos e técnicas do IRS, vale a pena dizer que o crime compensa!

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